Segundo a Sociedade Portuguesa de Gastroenterologia, cerca de um terço da população portuguesa sofre de intolerância à lactose (o que não é igual a alergia ao leite, que é uma reacção que envolve o sistema imunitário).

A percentagem é bastante maior noutros grupos demográficos. Em 1965, um estudo da Johns Hopkins University concluía que quase três quartos da população negra americana não digeria a lactose, contra 15% da população branca. A intolerância à lactose é um traço da maioria da população mundial, sobretudo africana e asiática.

Em Julho de 2013, o artigo da Nature “Arqueologia: a revolução do leite” explicava como, há 11 mil anos, quando a agricultura começou a substituir a caça, as populações do Médio Oriente aprenderam a reduzir a lactose — que não conseguiam digerir por falta de lactase — fermentando o leite para fazer queijo e iogurte. Dois mil e quinhentos anos depois, uma mutação genética ocorreu na Europa, mais precisamente na zona da Hungria, dando à população a capacidade de produzir lactase durante toda a vida. “Essa adaptação abria uma nova fonte nutricional que conseguia sustentar as comunidades quando não havia colheitas.” Uma grande parte da população europeia descenderá desses primeiros agricultores que insistiam em continuar a produzir lactase na idade adulta.

E é isso que explica que muitos caucasianos sejam a excepção a este número: 65% da população mundial não produz lactase depois dos sete, oito anos. A capacidade de o fazer perde-se à medida que se cresce.

Fonte: “O leite já não é uma vaca sagrada” por FRANCISCA GORJÃO HENRIQUES 

Como é que descobri?

O ano passado, por volta de Setembro, decidi ir ao médico. Sentia-me inchada, por vezes indisposta e com mau-estar, cheguei a ter umas alergias no corpo (borbulhinhas pequeninas) ou vermelhidões e nunca soube do que era. Fiz inúmeros testes alérgicos e nunca deu nada. Quando começei a informar-me mais sobre as intolerâncias alimentares (altura em que se começou a ouvir falar desta linda expressão) decidi ir falar com um médico que me disse imediatamente que eu poderia estar com alguma intolerância ao leite. Então fizemos o teste… 1 semana sem produtos lácteos – sem leite, queijo, cereais, bolachas, bolos – e ao final de 3-4 dias já me sentia menos inchada.

Passado 1 ano sinto-me melhor, não tenho tantas indisposições, inchaços e dores na barriga. As alergias acalmaram bastante e as vermelhidões são raras. A verdade é que nao consegui cortar totalmente com os alimentos com leite, às vezes apetece-me uma bolacha ou um bolo e não resisto mas são vezes muito esporádicas. O problema é que quando como estes alimentos sinto quase “automaticamente” o meu corpo a rejeitá-los. Por um lado é bom porque descobri que não devo consumir alimentos com leite se me quero sentir bem, por outro é chato porque adorava leite e queijo!!! E agora esses alimentos não entram na minha “dieta.”

Como é que podem descobrir?

Pelo que percebi se a intolerância aparece numa fase mais tardia e através de problemas gastrointestinais os exames clínicos já não ajudam. O melhor é experimentar uma dieta sem laticínios e acompanhar os resultados – isto depende sempre de pessoa para pessoa. Se as alergias forem imediatas há exames de sangue que podem verificar a causa. Exemplo: Se consumir leite ou algum produto com leite e ficar automaticamente com algum tipo de alergia.

Quais são as alternativas?

Em relação ao leite que consumia sobretudo ao pequeno-almoço substituí por leite de amêndoa (depois de ter experimentado soja, arroz, aveia etc finalmente descobri um que me agrada!). Face ao queijo tento evitar ao máximo se não como queijo de cabra ou ovelha mas mesmo assim tento evitar. As bolachas e bolos optei por bolachinhas de milho e arroz ou bolachas sem lacticínios. No caso das bolachas de arroz ou milho o melhor é juntar com alguma coisa, normalmente opto por doce de morango ou frutos vermelhos sem açúcares adicionados. Agora, como já disse e volto a repetir, se me apetecer muito um doce ou um bocadinho de queijo eu acabo por comer, tento é que seja em muito pouca quantidade para evitar o mau-estar que se segue.

Comi alguma coisa com leite, e agora?

Bem, agora vais ficar inchada ou com algum mau-estar abdominal. O melhor que tens a fazer é beber chá, fazer uma pausa na comida ou optar por alimentos que não fermentem muito. Em casos mais extremos pode ser necessário a toma de algum medicamento ou produto natural que evite o inchaço, os gases e as dores abdominais. Os mais conhecidos são os que regulam o trânsito intestinal como o UL250 (farmácias), carvão vegetal (celeiro) entre outros…

Alimentos a evitar nesta altura:

  • Leguminosas e ervilhas
  • Legumes como couve, alface, milho… optar antes por: espinafres, cenoura, agrião e batata doce
  • Frutas como maças, pêras, abacate… optar antes por: banana, amora, abacaxi e morango
  • Pães, bolos e bolachas com glúten (trigo e centeio)
  • Pistachos e caju

Obviamente que isto depende de pessoa para pessoa portanto o melhor é consultarem sempre o vosso médico antes.

P.S Intolerância à lactose não é a mesma coisa que intolerância à proteína do leite de vaca. A lactose é um açúcar do leite pelo que produtos sem lactose continuam a ter a proteina do leite de vaca criando mau-estar à mesma nos intolerantes. Já produtos sem a proteína do leite de vaca normalmente não contêm lactose.

Há por aí meninas com algum tipo de intolerância? Leite, glúten ou outro?? Partilhem comigo!! 🙂